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Sambar é resistir, e resistir é comunicar

  • Foto do escritor: Camilly Couto
    Camilly Couto
  • 29 de abr.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de mai.

Por Camilly Couto


União afro-brasileira. Essa é a origem do tão conhecido estilo musical Samba. Em prol da celebração de suas culturas e da liberdade das manifestações rítmicas dos escravizados, o samba iniciou suas batucadas, que, atualmente, fazem diversos povos abandonarem suas diferenças e, juntos, cantarem com força e mostrarem seus molejos nos pés. A partir dessa união e da boa energia sambista, o estilo conseguiu crescer e se popularizar pelo país, o que o nomeou patrimônio cultural imaterial brasileiro.

O que significa isso? A identidade de um povo é primordial de ser mantida, pois faz parte da sua história e de suas origens, além de aproximar pessoas que se identificam com ela. O samba, como patrimônio cultural, é posto como tradição que caracteriza uma sociedade, principalmente a sua originária, negra, que, até hoje, sofre com diversos preconceitos sociais, mas um grande estopim para tal preconceito foi na ditadura militar que reprimia e censurava o samba e suas escolas por se tratarem de uma cultura periférica, considerada marginalizada. Em várias repressões, a polícia utilizava da violência, furando instrumentos e invadindo locais de ensaio, o que explicita a carga preconceituosa em cima do estilo. 

Assim, o samba visa manter sua história viva, contando e denunciando os desafios, resistências e forças por meio da música. Por isso, através de algumas de suas letras, tal estilo musical foca nos problemas e preconceitos, além de destacar a importância da resistência a tudo isso. 


“Não deixe o samba morrer

 Não deixe o samba acabar

 O morro foi feito de samba

 De samba pra gente sambar”


Alcione, um símbolo no meio do samba, nessa letra, de uma de suas músicas, comprova a ideia da música como um grito de resistência cultural. Ela fala da importância do samba como uma identidade coletiva, mostrando que o morro (periferia onde vive grande parte da população negra do Brasil) é feito do samba, ou seja, precisa dele para se manter vivo, no sentido de jamais ser esquecido.

E é por essa e por outras músicas que o samba se tornou um meio que transmite uma mensagem de manifestação, de resistência, sendo uma maneira diferente de se comunicar sobre o tema, pois, se tem manifestação, tem mensagem, e, se tem mensagem, tem comunicação. Por sua popularização, porém, ele se tornou não só o meio, mas o próprio símbolo da força. E, como se diz em uma das ideias e teorias da comunicação do educador canadense, Marshall McLuhan, “o meio é a mensagem”, ou seja, uma TV é TV desligada. Ao ligá-la, ela se torna a novela, o jornal ou a série transmitida, já que aquela é sua função fundamental. Por isso, o samba, tendo em suas letras a ideia de resistir, se tornou a mensagem e o patrimônio resiliente.

Por essa razão, a canção citada tem a ideia de saudade do tempo em que ela “ia ao samba sem pensar em nada”, como diz em outro dos seus trechos, ou seja, quando o samba era mais do que música: era acolhimento, comunidade, identidade e cura emocional. Agora, mais velha, ela teme perder esse espaço, e percebe que precisa usar o estilo para resistir à sociedade e seus preconceitos.

Assim, com a lotação de rodas de samba, com a alegria estampada nos dançarinos e frequentadores e com o samba no pé, você não está só se divertindo e se soltando, está auxiliando na sobrevivência de um povo e de suas culturas.



Manifestação em prol da força do samba mediante a Ditadura Militar | Créditos: Acervo Império Serrano
Manifestação em prol da força do samba mediante a Ditadura Militar | Créditos: Acervo Império Serrano



 
 
 

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